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Fonte: http://v1.miratocantins.com.br/noticia.php?l=6d86bc9f2802c66ea9d63e1fd5bc1a76

“Ele nos deixou; Esse cara morreu”.

22/02/2025 08:20:21

É. Ele já não convive mais com a gente, se foi para não mais voltar.
Idoso, adoecido, hesitava em morrer sem ver seus escritos publicados. Mas, as cópias passaram por muitas mãos, lidas por inúmeros olhos e ouvidas pelo rádio.


Nosso Goianir José era um cara do bem, personalidade forte, mas singelo. Em nossos bate-papos desde os anos 90, via seus olhos brilharem quando falávamos de Miracema, para ele e nós uma cidade encantada, movida à luta, resistência e perdão.

Esse cara também era assim, persistente em seus sonhos, tolerante nos entreveros e compreensivo nos ‘ não, quem sabe’ e ‘talvez’ que recebeu em sua vida de 83 anos.



Momentos antes do sepultamento, Gentil Sales, de 87 anos, numa cadeira de rodas,
contemplava a imagem do irmão mais novo Goianir Sales pela última vez.


Goianir José nasceu em Porto Nacional e foi trazido pelo rio Tocantins para Miracema ainda do Norte que escolheu para viver e morrer ao lado de sua esposa Raimundinha (Raimunda Formiga) com quem foi casado por 47 anos (desde 1º de fevereiro de 1978). Deixou sua marca como servidor da OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), sobreviveu intempéries como secas e cheias, injustiças e descasos de governos municipais e representantes públicos, sobretudo depois que empreendeu fundando seu próprio laboratório de análises clinicas.

Foi o primeiro laboratorista de Miracema e região central do Estado. Prestou serviço para a população e poder público, mas sem a sustentabilidade necessária de governos municipais, de quem teria sido preterido, talvez, em favor de terceiros fora do município, quem sabe, por interesses escusos.

Foi um exímio profissional da saúde, embora esquecido por aqueles que ‘escolhem’ quais vão atuar nos órgão públicos.
Talvez nós é que não soubemos entender o livre arbítrio que ele nos proporcionou. Assim como no futebol, quando o artilheiro da contenda que perde o gol decisivo é defenestrado pelos sacripantas, esse cara foi julgado e condenado por alguns que não logram êxitos nas pelejas da vida. Felizmente a maioria entendeu, admirou e amou esse cara.

Chegando o Carnaval, a saudade que não acaba nunca nos lembra o Goianir do bloco carnavalesco ‘Sujeira’ que ajudou a embalar, do Iracema Clube que chegou a dançar, da Praça Derocy que costumava serestar.

Em suas viagens na carruagem da saudade, escrevia poemas que lambiam fatos vividos e testemunhados, deixando centenas deles nos anais da cultura de suas terras natal e adotada, que um dia se tornarão livros, como sonhava.
Goianir José inspirou o programa Revista do Rádio a criar o quadro ‘De papo com o Zé’, um formato de entrevista informal que conta a história de pessoas e instituições simples, ilustres e notáveis. Ele foi o primeiro a participar anos atrás e já estava agendada sua volta assim que melhorasse sua saúde. Não deu tempo, Deus precisou dele antes.

Vá com Deus amigo, Se algum dia, diletos se esqueceram do seu aniversário, se governos municipais o traíram, se parlamentares se corromperam para esquecer você, e até mesmo se amigos se converteram em inimigos, estes foram minorias engolidas pelo tempo, tempo que você viveu entre nós com sapiência, presteza, tolerância, solidariedade e amor ao próximo. Obrigado Deus por Goianir ter existido ...obrigado Goianir por entre nós ter vivido.
Por José Carlos de Almeida